Estudos e Pesquisa

Dietas veganas e onívoras ricas em proteínas promovem taxas similares ​​de síntese protéica miofibrilar e hipertrofia muscular esquelética em adultos jovens

Vegan and Omnivorous High Protein Diets Support Comparable Daily Myofibrillar Protein Synthesis Rates and Skeletal Muscle Hypertrophy in Young Adults

(Dietas veganas e onívoras ricas em proteínas promovem taxas similares ​​de síntese protéica miofibrilar e hipertrofia muscular esquelética em adultos jovens)

Introdução
O estudo propôs investigar se uma dieta rica em proteínas de origem vegetal com suporte de suplementação de micoproteína (uma fonte de proteína alimentar derivada de fungos e não animal) impacta a remodelação do músculo esquelético induzida por treinamento de resistência da mesma forma que uma dieta onívora também rica em proteínas, complementando com proteína do soro do leite (whey protein).

Métodos
O estudo se desenhou em duas fases: Fase 1 – 16 adultos saudáveis ativos há ao menos 3 anos seguiram 3 dias de dietas altas em proteína (1,8g/ kg/ dia) derivadas de fontes animais e vegetais juntamente com exercícios diários de resistência unilateral de membros inferiores.
As taxas de síntese protéica miofibrilar (MyoPS) em repouso e exercício foram avaliadas usando óxido de deutério (os participantes ingeriram uma dose de óxido de deutério, que se distribui por todo o corpo, incluindo a água corporal total. A medida que o corpo utiliza aminoácidos para sintetizar novas proteínas, o deutério presente na água corporal é incorporado nessas novas proteínas musculares. Assim, o deutério funciona como um marcador. Com base na quantidade de deutério incorporada nas proteínas musculares, os pesquisadores podem calcular as taxas de síntese protéica miofibrilar em diferentes condições, como repouso e após exercício)

Na Fase 2 – 22 adultos saudáveis ativos há ao menos 3 anos ​seguiram por 10 semanas (5d/ semana) um programa de exercícios de resistência de alto volume enquanto consumiam uma dieta rica em proteínas (2g/ kg/ dia) derivadas de fontes animais e vegetais. A área transversal da fibra muscular, massa magra de corpo inteiro (via DEXA), o volume muscular da coxa (via MRI – ressonância magnética) foram avaliadas antes, em 2, 5 semanas e após a intervenção do estudo.
Discussão e resultados
A ingestão de energia, proteínas, gorduras e carboidratos foi semelhante entre os grupos em ambas as fases do estudo, indicando aderência similar à dieta entre os grupos.
As taxas diárias de síntese proteíca miofibrilar não diferiram entre os grupos, embora os enriquecimentos de deutério na água corporal aumentaram em relação ao baseline, mas sem diferenças entre os grupos.
A massa magra aumentou de maneira significativa com o treinamento em ambos os grupos, sem diferenças entre eles. Não houve alterações significativas na massa gorda ao longo do experimento, indicando que o treinamento de resistência teve um impacto positivo na massa magra corporal, especialmente nos braços, pernas e tronco, com ganhos proporcionais semelhantes entre os grupos.
O tamanho dos músculos da coxa, quadríceps, isquiotibiais e adutores aumentou significativamente com o treinamento em ambos os grupos, também sem diferenças entre os grupos. Esses resultados indicam que o treinamento de resistência resultou em hipertrofia muscular semelhante em todas as regiões musculares analisadas, independentemente da dieta seguida pelos participantes.

O treinamento de resistência resultou em aumento significativo na área de secção transversa das fibras musculares nos dois grupos, sem diferenças entre eles. A distribuição dos tipos de fibras musculares não foi afetada pelo treinamento, indicando que ambos os grupos experimentaram benefícios similares em termos de hipertrofia muscular. Também resultou em aumento significativo na força muscular para os exercícios de levantamento terra, agachamento e supino inclinado em ambos os grupos. Não foram observadas diferenças entre os grupos em relação ao aumento absoluto de força, mas o grupo VEG2 apresentou uma resposta significativamente maior em comparação com o grupo OMNI2 para o supino inclinado. Além disso, ambos os grupos demonstraram aumento similar no exercício extensor do joelho, indicando adaptações positivas na força muscular em resposta ao treinamento de resistência, independentemente do tipo de dieta seguida pelos participantes.

Conclusão
Dietas onívoras e veganas podem estimular igualmente síntese proteíca miofibrilar (MyoPS) em repouso e após exercício em adultos jovens saudáveis que consumiram uma dieta rica em proteínas. Após 10 semanas de treinamento de resistência intensivo, ambos os grupos tiveram aumentos significativos na massa magra, volume muscular da coxa e área de secção transversa das fibras musculares, ou seja, adaptações musculares esqueléticas semelhantes, independentemente da origem da proteína na dieta.

Referência
Monteyne AJ, Coelho MOC, Murton AJ, Abdelrahman DR, Blackwell JR, Koscien CP, Knapp KM, Fulford J, Finnigan TJA, Dirks ML, Stephens FB, Wall BT. Vegan and Omnivorous High Protein Diets Support Comparable Daily Myofibrillar Protein Synthesis Rates and Skeletal Muscle Hypertrophy in Young Adults. J Nutr. 2023 Jun;153(6):1680-1695. doi: 10.1016/j.tjnut.2023.02.023. Epub 2023 Feb 22. PMID: 36822394; PMCID: PMC10308267

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